EDDYLENE NA ILHA DE CARAS PARTE 6

Deste dia em diante, todas as socialites e atrizes que ali se encontravam passaram a ser minhas melhores amigas porque eu sempre tinha uma frase do Tibet ou da Macedônia, ou húngara para dizer em conforto, fosse para qualquer problema, desde uma separação que estaria por vir, a um câncer até então só revelado a mim.

No terceiro dia de Ilha de Caras, os rumores de que Donatella Versace iria chegar iam de ponta a ponta da ilha. Todos se preparando, as amapôas que tinham um Versace na mala já estavam mandando lavar a seco e eu não sei por que alguém leva um Versace para uma ilha.

Como eu estava ali pra ser polêmica, catei na minha Vuitton um saião de fuxico feita pela cooperativa das costureiras da Apoena, um top de tecido memória McQueen, um salto agulha de Fernandinho (Pires) e um bracelete de platina com pedras brasileiras da coleção Rua das Pedras da H. Stern. Bila passou mal e com as pernas vermelhas da psoríase não pode comparecer.

O helicóptero desceu e uma legião de fotógrafos cercou a diva. Aproveitei para ligar para meus parentes de Manaus, já que todos sentem total confiança em deixar os celulares nas mesas. Com tudo sendo preparado em torno de Donatella, esqueceram a história de Morgana, já que junto com as fofocas que cercavam a irmã que herdou uma das maiores grifes do planeta, vinha outra paralela que era a possibilidade da Versace ser, também, patrocinadora da Ilha no ano de 2008, quer dizer, num absurdo de especulações, num emaranhado de fofocas, quem iria se lembrar da morte de uma Velha que trabalhava com xampu barato?

Foi quando comecei ouvir uma voz familiar:

- A moça estranha matou a velha! A moça estranha matou a velha!!!! Alguém se lembrava...

Era o erê desgraçado filho de um bofe que guardava barco, o mesmo que me recebeu aos berros quando cheguei na ilha, indagando à rosa dos ventos a minha feminilidade. Olhei pra ele com os olhos de Shiva, e perguntei com voz de apresentadora de programa infantil:

- Quer tomar um sorvete com a tia?...

CONTINUA...