Trata-se do primeiro levantamento do governo que mede orientação sexual do país.
O Centro de Controle de Doença e Prevenção relatou que menos de 3% da
população dos Estados Unidos se identificam como lésbicas, gays ou
bissexuais, no primeiro levantamento de grande escala do governo medindo
orientação sexual no país.
A National Health Interview Survey, que é a principal ferramenta do
governo para assessorar a saúde e o comportamento de americanos,
descobriu que 1,6% dos adultos se identificam como gay ou lésbica, e
0,7% se consideram bissexuais.
Na pesquisa, 96,6% dos adultos se classificaram como héteros. Já 1,1% se
negou a responder, disse somente "eu não sei a resposta" ou afirmou que
eram "outra coisa".
A inclusão de orientação sexual em uma pesquisa influente usada para
guiar financiamento do governo foi vista como uma vitória pelo movimento
LGBT, que tem lutado com a falta de dados sobre as suas necessidades
especiais de saúde.
O demógrafo do Instituto Williams, um centro de pesquisa da Universidade
da Califórnia em Los Angeles que estuda a população LGBT, disse que
esse é um grande passo na tentativa de sanar algumas das lacunas da
compreensão do papel que a orientação sexual e a identidade de gênero
têm na vida e na saúde das pessoas.
A pesquisa federal, iniciada em 1957, dispõe um amplo leque de questões
sobre temas como atendimento médico, vacinação e uso de tabaco. Milhares
de americanos são entrevistados pelo CDC e pelo Census Bureau. O
resultado é altamente respeitado pelo tamanho da amostra - é composta
por 33.557 adultos entre as idades de 18 e 64 no levantamento mais
recente - e pelo método utilizado, que incluem entrevistas face-a-face e
algumas consultas telefônicas de acompanhamento.
Segundo autoridades de saúde do governo, algumas outras pesquisas
federais perguntam sobre orientação sexual, mas não são grandes o
suficiente para fornecer dados que possam ser generalizados para o país
como um todo.
O estudo não encontrou um padrão sugerindo que um grupo era menos
saudável do que qualquer outro grupo, de acordo Brian W. Ward, o
pesquisador responsável pelo relatório. No entanto, verificou-se que, em
comparação com as pessoas heterossexuais, homossexuais eram mais
propensos a fumar e consumir cinco ou mais bebidas em um dia pelo menos
uma vez no ano passado. Mulheres heterossexuais estavam mais propensas a
acreditarem que estão em excelente ou muito boa saúde do que as
mulheres que se identificaram como lésbicas ou mulheres bissexuais.
Em contrapartida, lésbicas, gays e bissexuais mostraram que estavam mais
propensos a terem recebidos uma vacina contra a gripe que héteros, e
era menos provável que os gays e homens bissexuais estivessem acima do
peso.
As disparidades mais notáveis foram com os bissexuais. Pessoas que se
identificaram como sendo atraídas por ambos sexos estão mais propensas a
experienciar estresse psicológico nos últimos 30 dias do que os
héteros, mostrou a pesquisa.
"Nós não sabemos muito sobre bissexualidade e estamos finalmente
começando a fazer pesquisas nessa área", disse Judy Bredford, diretora
do Centro de Pesquisa em Saúde de População LGBT no Instituto Fenway em
Boston.
No relatório, os pesquisadores do CDC reconheceram que a estimativa
deles do tamanho da população bissexual se diferenciou daquela de outros
estudos. A estimativa nacional de 2008 do General Social Survey - que é
financiada pela National Science Foundation, uma agência federal
dedicada ao avanço de ciência não-medicinal - estima-se que 1,1% da
população foi identificada como bissexual. Outros estudos sugerem que o
número de bissexuais praticamente coincide com o número de gays.
A pesquisa não perguntou sobre identidade de gênero, que é um tópico
mais amplo que orientação sexual. Anteriormente, as autoridades haviam
discutido, incluindo a questão em pesquisas futuras, mas Ward disse que
não há planos imediatos para adicionar a essa pergunta.
Especialistas afirmam que a dificuldade decorre em parte do tamanho da
amostra necessária. Um desafio é que existem mais de 200 termos
utilizados por pessoas que se identificam como um sexo diferente do
biológico que nasceram, de acordo com Bradford.
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