quarta-feira, 30 de julho de 2014

CAPÍTULO 15 DE BIANCA VAGABUNDA- Uma trintona em crise

EU SOU NEGUINHA

O viaduto Negrão de lima é realmente um viaduto que um grupo de pessoas resolveu fazer festa embaixo. Com o passar dos anos o negócio foi ficando insuficiente e resolveram dar uma guaribada no recinto colocando tapume, som adequado e iluminação.

É a maior aglomeração de negros e negras fashion de Madureira, tirando o fato de virem outros de varias partes do Rio, o babado é frenético.

Como eu sou branca quase transparente, precisava de uma maneira de sobressair num local onde quem tem mais melanina é rainha. Me besuntei de urucum com azeite de dendê e não sei como não tinha uma nuvem de mosquitos e abelhas atrás de mim.

Ainda aturdida com o que Ogan Vanilson havia me dito, o modo com que me abordou, estava meio desconcentrada no ambiente.

O que estaria acontecendo na alta cúpula do centro? Que segredos escabrosos eu poderia descobrir? Valeria a pena estar nesse emaranhado de confusões que poderiam estar acobertando o estopim de algo muito maior como uma morte por exemplo?

Procurei me distrair, fui até um ambulante e pedi uma dose dupla de Dreher com  um pouco de creme de ovos só pra dar a primeira esquentada da noite, catei uma lata de energético jogada no meio fio e derramei meu loló dentro. Pronto! A noite estava começando e dali por diante era cada uma por sim. Como eu não sabia fazer nenhum passo de Charme, minha jogada era segurar na caixa de som e rebolar até o chão até perder a sanidade de tanto loló baforado. Sempre dava certo.
O público do Negrão de Lima se dividia em duas partes:

A das negras belíssimas com cara de Naomi Campbel que tinham os cabelos mais lisos do universo e as sobrancelhas que encostavam na nuca e das negras muito feias e pobres que tinham que se contentar com nagô, canecalon e tamanco com salto de cortiça. Poucos homens pagavam bebidas para esse grupo e por azar eu tinha feito amizade com uma delas. Zuleide da Portela, que era costureira  da Escola e só tinha uma vida mais ou menos em época de carnaval porque roubava material da agremiação pra fazer roupa pras prostitutas do Balança.

de toda forma, quando tinha puta no ambiente, certamente conheciam Zuleide e isso tornou sua vida mais amena, levando-se em consideração que não existe um lugar na face da terra que não tenha ao menos 5 putas mesmo que no ambiente só existam 10 pessoas e todos sejam homens.

Zueide me mostrou quem mandava em que no Negrão de Lima, quem era o mais bem dotado, quem só comia mulata e quem se divertia com as brancas. Me ensinou que pra estar ali eu precisava me vestir com mais estilo e que ao menos uma calcinha com enchimento eu precisaria usar pra competir com as cavalas que andavam por ali.

Só olhei a nos olhos e balbuciei:

Zuleide querida, aqui nesse lixão, pode ser preta, pode ser branca, pode ser índia, todas tem no meio das pernas a joia mágica do poder: O nome dela é Xana.

Saiba usa-la e você terá qualquer homem aos seus pés.

Zuleide fez uma cara de quem não acreditou muito e retrucou:

Pois bem xoxotuda de Madureira, me prove...

E eu decidi provar...

CONTINUA...

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